​A noticia me entristeceu bastante. Morreu Geraldo Pedroza, um dos mais destacados repórteres esportivos do Rio de Janeiro. Ele vivia a noticia. Dava furos. Conhecia como poucos os bastidores do futebol. Estava sempre bem informado. Em São Paulo nós o conhecemos a partir do momento em que foi contratado pela Rádio Jovem Pan. Ele era um dos responsáveis pelo noticiário esportivo do Rio e, em particular, da CBF. Tinha sempre novidades.

Sério, trabalhador, tinha o respeito da crônica esportiva carioca. Tanto que chegou a presidência da Associação dos Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro. Tinha liderança. Era amigo dos amigos. Leal, bom caráter, um profissional de ponta. Trabalhou muito tempo em O DIA do Rio de Janeiro. Sempre na área esportiva.

Na Pan, fazia boletins em todos os programas esportivos da emissora e até nas jornadas esportivas. Sua voz não era radiofônica, mas ele se impunha pela qualidade de suas informações. Na CBF era muito respeitado. Não importa o presidente, ele tinha portas abertas na entidade que administra o futebol brasileiro. Não foram poucas as vezes em que deu noticias em primeira mão. Era uma verdadeira fera da informação.

Em São Paulo também trabalhou no jornal Popular da Tarde, do qual fui Diretor de Redação. Todos os dias ele passava material. Sempre objetivo, informativo, com inúmeros detalhes. Sua prioridade era cobrir a CBF, mas durante as disputas do Brasileiro passava também o noticiário dos grandes clubes cariocas. Tinha bons informantes. Fui seu parceiro na cobertura de uma excursão da Seleção Brasileira de Futebol. Estivemos na França, na Alemanha e até na Arábia Saudita. Ele foi um dos jornalistas que tiveram o privilégio de almoçar com o Rei Hussein, que na época, mandava e desmandava naquele país.

Participou conosco de um pool de jornalistas esportivos que resolveram se unir para fazer uma cobertura conjunta do amistoso da Seleção em Jeddah, capital da Arábia. O motivo que nos levou a fazer esse pool é que só havia um telex disponível (naquele tempo não havia nem fax e muito menos computador),. Dividimos as funções, cada um se responsabilizou por uma matéria e todo o material foi enviado para a central de redação do jornal O Estado de São Paulo que, por sua vez, o redistribuiu para os principals jornais do País. Foi a primeira e a única vez em que os repórteres que cobriam a Seleção se uniram para fazer uma mesma cobertura. Nossas matérias saíram em todos os principais jornais do Brasil. E o material do Geraldo Pedroza estava entre eles. Foi uma cobertura e uma viagem que ficou na história.

Pedroza também fez várias Copas. Estive com ele em vários Mundiais. A gente costumava trocar informações.  O que um colhia, passava para o outro. Na Alemanha o Pedroza teve um problema de saúde e eu precisei cobri-lo. Passei meu material que iria só para o Popular da Tarde -SP para o jornal O DIA, do Rio de Janeiro. Ninguém percebeu. No dia seguinte o Pedroza já estava recuperado e pôde dar sequência ao seu trabalho. Fica evidente, portanto, que além de excelente profissional, Pedroza era um grande amigo. Por isso quando chegou a noticia de sua morte, fiquei abalado. Muito triste. Por isso decidi escrever esse rápido texto sobre ele.

A verdade é que eu perdi um grande amigo e a imprensa brasileira, um excelente reporter esportivo. Que ele descanse em Paz!

SERGIO CARVALHO