Campinas SP, 11/02 – O presidente da Associação dos Cronistas Esportivos do Interior do Estado de São Paulo (ACEISP), Sérgio Carvalho, mostrou toda sua tristeza em um texto humildemente escrito para mostrar ao cronista esportivo de todo o Brasil, que não conheceu Aderson Maia, quem foi o presidente mais longevo da entidade nacional de cronistas esportivo, a Abrace. Confira o que escreveu Sérgio Carvalho.
Toda manhã procuro saber das últimas noticias importantes ou não através meu celular. Também confiro o Watsapp onde convivo com um grande número de bons amigos todos os dias. Mas de repente ao procurar saber das últimas noticias da ABRACE (entidade que presidi e onde hoje sou primeiro vice presidente), encontrei a frase: “É com pesar que informamos que Aderson Maia, ex presidente da ABRACE, faleceu!”.
Levei um susto e fiquei emocionalmente abalado. Afinal, Aderson era um amigo de muitos e muitos anos que eu prezava demais e que tive a alegria de conhecer em 1989, em Cuiabá, no Mato Grosso, onde fui participar pela primeira vez de um Congresso anual da ABRACE (Associação Brasileira de Cronistas Esportivos). Fui até lá na companhia do amigo e jornalista Flávio Adauto que tinha a intenção de me lançar como candidato à presidencia da entidade.
Chegamos, fomos apresentados aos colegas que já lá estavam e tivemos bons momentos de conversa onde nos pudemos conhecer novos companheiros de profissão. Foi quando fiquei sabendo com o presidente da Associação dos Cronistas local já havia lançado sua candidatura pois um de seus sonhos era presidir a ABRACE. Aderson Maia já estava lá como representante da Associação dos Cronistas Esportivos do Ceará e quando lhe perguntei em quem votaria, ele não teve dúvidas em afirmar que seu voto era do dono da casa assim como os votos de todos os seus amigos que pertenciam as associações do norte nordeste do Pais.
Percebi naquele momento que não seria nada fácil ganhar uma eleição na casa do adversário e precisava trabalhar muito nos bastidores para ter alguma chance de ser eleito. Flavio Adauto era um expert nesse assunto e rapidinho, começou a formar um grupo que prometia votar em mim para presidente. Apesar de estarmos em lados opostos, Aderson foi sempre um gentleman nos contatos que tive com ele.
Na verdade, ele era mesmo assim. Não fazia tipo. Era firme em suas posições e como já havia prometido voto ao candidato de Mato Grosso, não aceitou voltar atrás e manteve sua palavra até o fim. A eleição começou, os votos foram sendo depositados numa urna e depois que todas as entidades votaram, uma comissão especial fez a apuração.
Ganhei por um voto. Uma surpresa para muita gente. A partir dali eu ja era o novo presidente da ABRACE. O pessoal que estava comigo fez uma festa. Uma bela comemoração. De repente vejo o Aderson vindo em minha direção. Ele estendeu a mão e me cumprimentou. Me deu um forte abraço e disse: “você ganhou por seus méritos. Eu votei no seu concorrente mas, à partir de agora, estou a seu lado para o que der e vier”.
E assim foi. Como presidente fiz dois Congressos, um no Recife, Pernambuco e outro em São Paulo, capital. Aderson compareceu e me ajudou com grande sucesso e enorme comparecimento. Ao perceber que Aderson Maia era um especialista na área jurídica, passei a contar com ele em tudo que tinha dúvida nessa área. Foi quando resolvemos reformular o estatuto da ABRACE que já estava bem envelhecido. Dei ao Aderson essa incumbência. Como homem do Direito, ele fez com facilidade um novo estatuto para a ABRACE com tudo que nós queríamos. Um novo estatuto muito mais objetivo e mais moderno. Era o Aderson cumprindo sua palavra de que iria me ajudar, enquanto eu fosse presidente.
Depois de cumprir meu mandato,lancei e elegi meu sucessor; o jornalista Lombardi Junior do Paraná. Aderson foi da diretoria dele. Lombardi sofreu um acidente em Curitiba e veio a falecer. Pouco tempo depois uma nova eleição foi feita na ABRACE e Aderson Maia acabou eleito pela primeira vez presidente da entidade. Isso em 1995. De lá para cá ficou 22 anos no cargo. No último Congresso, realizado em em 2017, em Fortaleza, cidade natal de Aderson (ele nasceu lá no dia 9 de março de 37 e estava com 81 anos), ele passou o cargo para Kleiber Beltrão, que eleito vai ficar na função até 2020 (com direito a reeleição).
Quem está lendo esse texto, já deve ter percebido quem era Aderson Maia. Uma figura humana sensível, justa, um ótimo caráter. Grande dirigente da ABRACE e também de outras entidades do Estado do Ceará (onde foi Auditor do Tesouro da Prefeitura de Fortaleza, Juiz do Trabalho, além de advogado formado pela Faculdade Federal do Ceará. Também foi presidente da APCDEC, a associação dos cronistas esportivos do Ceará. Deixou esposa – dona Angélica Pinto, três filhos e cinco netos.
Em nosso meio (o da crônica esportiva brasileira) era muito respeitado e querido. Como radialista esportivo trabalhou como redator, repórter e comentarista. Era torcedor do Ferroviário e acompanhava sempre que podia os jogos da Seleção Brasileira. Quando um dia perguntaram a ele quais os craques que escalaria se fosse formar uma Seleção Brasileira de todos os tempos, ele nem precisou pensar muito para responder. Para o gol ele indicaria Gilmar e Taffarell. Djalma Santos e Carlos Alberto, na lateral direita. Mauro e Bellini para o miolo de zaga. Orlando Peçanha e Altair na quarta zaga. Nilton Santos e Junior na lateral esquerda. No meio campo seu trio preferido era formado por Zito, Didi e Gerson e na reserva colocaria Clodoaldo, Rivelino e Dunga. No ataque escalaria no time principal Garrincha, Vavá e Pelé e na reserva Jairzinho, Zico e Canhoteiro. Sem dúvida, uma bela seleção que ganharia a maioria dos campeonatos do quais participasse.
Essa é uma mini biografia que eu poderia fazer de Aderson Maia, um dos grandes amigos que tive na crônica esportivo do Brasil. Lamento muito sua morte. Só me resta pedir a Deus que o receba bem lá em cima, pois na vida terrena Aderson Maia foi destaque em todas as funções que abraçou. Desde o rádio, passando pela Justiça do Trabalho e pelas Associações de Cronistas Esportivos. Foi também um ótimo marido, um pai querido e um avô coruja. Acho que não é preciso dizer mais nada.
Esse é o Aderson Maia que tivemos o privilégio de conhecer.
Um grande homem!
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